Há uns dois anos eu decidi entrar num caminho totalmente diferente de tudo o que já havia vivido, um caminho de superação, de quase total dedicação em que iria consumir muito mais da metade da minha energia diária para nem se quer ter certeza se daria certo.
Abri mão de alunas novas, turmas novas, escolas novas; abri mão também de TODAS as minhas manhãs.
De domingo a domingo eu estava lá, dedicando no mínimo 8 horas do meu dia, houveram dias que passei das 12hs de dedicação, ao ponto de não conseguir quase nem enxergar direito.
Dor de cabeça?!
Queria ter mil cabeças, pois a minha parecia que a qualquer hora iria explodir de tanta informação que diariamente entrava nela.
Com tudo isso veio a sra. ansiedade, ah essa danada, quem não a tem?! Só o Buda e olhe lá!
Sei que muitos irão dizer que isso é desculpa de gordinho, e eu antigamente pensava um pouco assim, até vivenciar essa parceria com ela. A dona ansiedade foi minha fiel companheira nestes dois longos anos, dormíamos e acordávamos juntas todos os dias. Ela fazia eu me coçar sem sentir coceira, ela me fez perder alguns cabelos a mais do que o normal, ela me dava semanalmente aftas novas na boca, queimação diária no estômago, pois pela manhã no desespero de não consegui render eu tomava uma térmica inteirinha de café preto.
Aaaah meu pretinho, esse ainda sinto falta, mas tenho que dosar mais a nossa intensa paixão um pelo outro para poder continuar a ter um estômago.
Esse pretinho que vinha todo docinho pra mim, me aliviava a tensão, como se ele pensasse junto comigo, me estimulava e turbinava a minha concentração, é óbvio que o preto me cobrava tudo isso depois, quando eu queria nanar, ele não me deixava, quando eu queria me acalmar ele me deixava trêmula.
(ele sabe que sou fraquinha e que ele me domina, ainda mais nas nossas super doses de paixão)
Sim eu não soube dar limite a nossa relação!
Tudo por causa de quem?! Da dona ansiedade que nos apresentou.
Por conta da doçura deste preto começaram os primeiros "pesos" a virem se instalar no meu corpinho, um peso a mais aqui, uma calça a menos que servia ali, olhando isso tudo acontecer e a dependência deste preto com relação ao meu propósito me via cada vez mais ansiosa.
Aí entra a figura do meu querido, amado e compreensivo marido, que inúmeras vezes para nos agradar me esperava com uma pizza família para a janta, se não era pizza, era xis calota, nos finais de semana, opa! estávamos no rodízio, seeeempre dizendo: "Agora é sério, este é o nosso último, temos que nos cuidar, combinado?! Aham, combinado!".
KKKKKKKKK e na próxima semana de provas dele lá íamos nós para a tele-entrega ou no rodízio.
Fora todo o gasto financeiro, que prefiro nem calcular pra não surtar, vinha algo totalmente diferente na minha vida e no meu corpo, com essa gordura toda sendo consumida, minhas pernas por passar inúmeras horas sentada e mal posicionada, começaram a sentir os efeitos dessa algazarra toda.
Antes mesmo de terminar a pizza eu já sentia a gordura do queijo nas minhas veias, as pernas ficavam extremamente pesadas, o refluxo se manifestava o tempo todo.
E assim eu cheguei aos 81kg, sim já estive mais acima do peso do que isso, já havia chegado aos 94kg mas era por questões hormonais, vulgo erro médico, o qual perdi esses 40kg que havia ganhado em 6 meses durante 1 ano e meio que comecei a trabalhar com a Dança em 2008.
Mas agora esses 81kg eram de gorduras nenhum pouco santas, muito menos salubres, minha saúde estava gritando para eu tomar as rédeas no trajeto.
Enfim... aquela dedicação àquele projeto findou em janeiro de 2017, posso dizer que ainda é recente, não fechou nem um mês do seu término, mas uma coisa é mais do que certa.
Meu corpo de hoje conta toda a minha história que vivi, e não só o meu conta, mas o corpo de todas as pessoas contam suas histórias, independente das interferências cirúrgicas ou não que ele venha passando, tuuuudinho está sendo contado através do seu corpo.
Se eu me arrependo do que fiz com ele?!
Sim, mas faria tudo conforme fiz.
A cada fatia de pizza, a cada preto doce, a cada rodízio foram meu alento naquele momento em que nada mais me restava do que me dar estes prazeres. Em meio a tensão, a cobrança de mim para comigo mesmo, em meio a tamanha incerteza, eu me dava o luxo de comer.
Essa foi a minha válvula de escape, não tinha tempo para meditar, não tinha tempo para me consultar com psico, não havia tempo pra nada, somente a noite a tele já havia sido pedida, somente nos finais de semana eu porcamente ia visitar a minha mãe e ver meus sobrinhos ou fazer tudo o que não havia feito durante a semana em que eu me dedicava ao projeto e trabalhava.
Sim, eu dava aulas de dança às noites, estudava na faculdade e todas as manhãs eu era do meu projeto!
Agora me sinto livre, agora me sinto mais do que feliz, pronta a me dedicar ao meu corpo, aos meus prazeres e a mim.
Buscar o que foi perdido, o que foi esquecido, o que foi negligenciado.
Acho que nunca me amei taaanto na vida, sou forte, sou guerreira das melhores, sou corajosa, sou verdadeira, sou simples.
Sou o que sou e amo quem sou, amo muito tudo o que tenho, amo estar aonde estou.
Minha meta?!
Me reencontrar a cada dia, me amar a cada dia, me priorizar a cada dia.
Ah e 20kg a menos em no mínimo dois anos, tentar perder esses 20kg com menos tempo não seria me amar, seria compulsão e repulsa.
Quero ser saudável, que me dar o luxo de ter esses luxos simples.
Amor próprio, aí vou Eu!